Começar a desmembrar
A estatuazinha fluorescente
Do Amor.
Nomear, sacramentar
A convulsão particular
A conformação irregular
Da dor.
Que o bocejo e o orgasmo
O tango do pulso improvisado
Sejam de cada um apenas –
Que só eu saiba esse poema!
Seja apenas meu, o meu abismo
E seja amar o que é suposto:
Em cada um,
Neologismo.
Estilhaçar o logaritmo,
A sincronia dos relógios –
E sob conceitos cabais
Encontrar tanto mais:
Nomes presos a um carrasco
Submetidos ao vil acto
De Amar.
Começar a dissecar
Os elementos
– Que por si são tão claros –
Amalgamados no corpo enformado
De um nome:
Altivez, incoerência
Enlevo e consistência
E o carro lavado num condomínio privado
Trompas em contagem decrescente
Sarcasmo febril, voz incipiente
Arreios de laços
E a irreflexão de braços
Acolhendo a inconsciente unidade de mim.
Órgãos secretos, enfim descobertos
Na lâmina aguda de um olhar novo.
Órgãos caindo de um corpo intacto
Que sempre se quis ser o único facto
A explicar a irreprimível
Necessidade de ti.
Amor…
Amor.
Amor!
A tudo se grite, a tudo o que excite
A quietude e a calma.
Amor, Amor, Amor!
Quociente dissoluto
Que é verbo diminuto
Para tudo o que perturba
Em ti.
Quociente absoluto
Qualquer que seja o produto
Das misérias que exultam
em mim.
Começar a entender
Que o nome a escolher
Para conter a imensidão de um anseio maior
É uma fórmula encantada
Quimicamente ponderada e
Supremamente adaptada
A ti.
Que a vileza da palavra
Uniformizando a derrocada
A submersão completa de cada vida –
Seja negada.
Estilhacemos os limites,
Recusemos os epítomes!
E num verso informe
Pois que amar seja apenas,
O meu e o teu nome.
Escreves muito bem
Está soberbo
E excelente iniciativa 🙂
Fico feliz que tenhas encontrado oportunidade para ler o In-Consciência – e que tenha havido ensejo a alguma fruição, nobre poeta! Um abraço