Poemário

Amor ready-made

7 Agosto, 2017

Começar a desmembrar

A estatuazinha fluorescente

Do Amor.

Nomear, sacramentar

A convulsão particular

A conformação irregular

Da dor.

 

Que o bocejo e o orgasmo

O tango do pulso improvisado

Sejam de cada um apenas –

Que só eu saiba esse poema!

Seja apenas meu, o meu abismo

E seja amar o que é suposto:

Em cada um,

Neologismo.

 

Estilhaçar o logaritmo,

A sincronia dos relógios –

 

E sob conceitos cabais

Encontrar tanto mais:

Nomes presos a um carrasco

Submetidos ao vil acto

De Amar.

 

Começar a dissecar

Os elementos

– Que por si são tão claros –

Amalgamados no corpo enformado

De um nome:

 

Altivez, incoerência

Enlevo e consistência

E o carro lavado num condomínio privado

Trompas em contagem decrescente

Sarcasmo febril, voz incipiente

Arreios de laços

E a irreflexão de braços

Acolhendo a inconsciente unidade de mim.

 

Órgãos secretos, enfim descobertos

Na lâmina aguda de um olhar novo.

 

Órgãos caindo de um corpo intacto

Que sempre se quis ser o único facto

A explicar a irreprimível

Necessidade de ti.

 

Amor…

Amor.

Amor!

A tudo se grite, a tudo o que excite

A quietude e a calma.

 

Amor, Amor, Amor!

Quociente dissoluto

Que é verbo diminuto

Para tudo o que perturba

Em ti.

 

Quociente absoluto

Qualquer que seja o produto

Das misérias que exultam

em mim.

 

Começar a entender

Que o nome a escolher

Para conter a imensidão de um anseio maior

É uma fórmula encantada

Quimicamente ponderada e

Supremamente adaptada

A ti.

 

Que a vileza da palavra

Uniformizando a derrocada

A submersão completa de cada vida –

Seja negada.

 

Estilhacemos os limites,

Recusemos os epítomes!

 

E num verso informe

Pois que amar seja apenas,

 

O meu e o teu nome.

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    1. Fico feliz que tenhas encontrado oportunidade para ler o In-Consciência – e que tenha havido ensejo a alguma fruição, nobre poeta! Um abraço

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