O céu abriu-se e deixou cair uma barrigada de água em cima da cidade. Cheira a terra e a algo mais que não distingo – como um metal ardido ou cânfora, algo assim. Foi como se a tarde expelisse uma cria, parida num jacto de alívio, entre membranas e molezas com cheiro a carne […]
Mês: Novembro 2017
Sopro é uma peça escrita por Tiago Rodrigues, Director Artístico do Teatro Nacional D. Maria II, estreada na 71ª edição do Festival de Avignon. A obra centra-se na ponto do teatro nacional, em actividade desde 1978, elemento-sombra que sopra as falas tragadas pelos fantasmas do palco, quando estas se evadem aos actores, seus […]
Nascida nos fartos idos de 80, Constança é a mais perfeita floração do seu Tempo. Não tanto uma floração espontânea de baldio mas antes um eclodir sistematizado de canteiro, mantendo à superfície, sem esforço, apenas as pétalas ideais a polinizações adequadas. Resultou esta estrumagem numa cidadã completíssima, combinando dotes que assombram os imprudentes: cosmopolita, […]
Pudesse tudo ser limpo Em sal e sonho reescrito Na esfera lisa da Palavra Pudesse a sibila ordenada No templo nu da Poesia Pudesse a pronúncia de Sophia Comandar o fel das ruas Os claustros os povos o cansaço A retomar em novos braços A vocação de miradouro A exaltação de […]
Estar tão perto, tão certo De uma incessante clareza – E ver a lâmpada acesa Porque se pestaneja (E sempre, sempre Se há luz, se pestaneja). Ser redactor do milagre De o milagre ser norma. Exercer a liberdade – “liberdade é emenda!” – Ao cantar a sentença “Não pode, não pode!” Emendo – […]