
Pudesse tudo ser limpo
Em sal e sonho reescrito
Na esfera lisa da Palavra
Pudesse a sibila ordenada
No templo nu da Poesia
Pudesse a pronúncia de Sophia
Comandar o fel das ruas
Os claustros os povos o cansaço
A retomar em novos braços
A vocação de miradouro
A exaltação de claridade
que há em tudo, que há em todos
Houvesse silêncio e Sophia
Pátria em luz pronunciada
E existiríamos renovados
na eterna comoção
Do lar perdido
Do bem inscrito
Em nossa alheia condição
Agito a bruma
Escuto
Espero
Porque é suja ainda a escuridão
Regressa a nós em cada verso
Em honra de Sophia, que desvendou a claridade.