Poemário

Benção a um cravo novo

25 Abril, 2019

 

 

Manhã de Abril, de novo a treva

Alastra dos tímpanos furados

Pulsa

Recolhe

Avança

Sobre um choro interrompido

(instinto rude!), a um nado vivo.

 

 

De cima de ombros direitos

Senhores dirão,

Olhando em frente:

A treva cessou para sempre

Desde a antepenúltima vez.

 

 

Sepultam cravos em espingardas

Rubor que não deixa descendência –

Maldizem o vento que ainda tenta

Abrir a pele a uma semente.

 

 

Olha para trás

Pequeno cravo!

Sobe a ombros curvados

Cuida os canteiros antigos –

Eles estão ainda vivos

E há ainda tanto vento –

Entre os dois, apenas tu,

A boca e o alimento

Da treva e da alvorada.

 

 

Relembra

(E deixa o medo de guarda):

 

 

Sem Abril na luz de Agosto

A manhã é quase, quase nada…

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